Tobias 700 - No Museo da República - Rio de Janeiro

Tobias 700 - No Museo da República - Rio de Janeiro 26 de Novembro 2006 - 20 hrs







Daniel Rubio e “Tobias 700 - a história de uma ocupação” fazem parte da programação da primeira edição da “Social em Movimentos”, que acontece no Espaço Museu da República (Rio de Janeiro), de 23 a 26 de novembro, e no SESC São João do Meriti em 2 dezembro.





Quando “Tobias 700 - a história de uma ocupação” ficou pronto, Daniel Rubio não imaginava que a obra se tornaria um passaporte para o mundo. Do Prêmio de Melhor Vídeo do Júri Oficial do 12º Cinesul - Festival de Cinema e Vídeo : Panorama Latino, “Tobias 700” já foi apresentado no Festival La Cita, em Biarritz (França), no Festival Del Nuevo Cine Latino-Americano em Havana (Cuba), e na primeira edição da mostra Brésil en Mouvements, da Autres Brésils, em Paris, pelo Ano do Brasil na França.

Ao mostrar a ocupação de um prédio abandonado no Centro de São Paulo, o diretor convida o público a conhecer os desejos e os sonhos das famílias lideradas pelo Movimento dos Sem-Teto do Centro. Por meio de uma lente atenta e sensível, as pessoas falam sobre como a luta e a conquista da moradia, mesmo que provisória ou precária, modificam suas vidas.








Entrevista : Daniel Rubio
Quando “Tobias 700 - a história de uma ocupação” ficou pronto, Daniel Rubio não imaginava que a obra se tornaria um passaporte para o mundo. Do Prêmio de Melhor Vídeo do Júri Oficial do 12º Cinesul - Festival de Cinema e Vídeo : Panorama Latino, “Tobias 700” já foi apresentado no Festival La Cita, em Biarritz (França), no Festival Del Nuevo Cine Latino-Americano em Havana (Cuba), e na primeira edição da mostra Brésil en Mouvements, da Autres Brésils, em Paris, pelo Ano do Brasil na França.

Ao mostrar a ocupação de um prédio abandonado no Centro de São Paulo, o diretor convida o público a conhecer os desejos e os sonhos das famílias lideradas pelo Movimento dos Sem-Teto do Centro. Por meio de uma lente atenta e sensível, as pessoas falam sobre como a luta e a conquista da moradia, mesmo que provisória ou precária, modificam suas vidas.
Daniel Rubio e “Tobias 700 - a história de uma ocupação” fazem parte da programação da primeira edição da “Social em Movimentos”, que acontece no Espaço Museu da República (Rio de Janeiro), de 23 a 26 de novembro, e no SESC São João do Meriti em 2 dezembro.

- Como começou “Tobias 700 - a história de uma ocupação” ?

A idéia de “Tobias 700” veio quatro dias após a eleição de Lula em 2002. Estava lendo um jornal que trouxe na capa o triunfo do PT de um lado e uma foto da ocupação do prédio do outro lado. Logo entrei em contato com os organizadores do movimento e fiquei um ano e meio gravando. Queria mostrar quem são essas pessoas, afinal, quando a gente vê esses prédios no centro de São Paulo, nem imagina quem são as pessoas que moram neles. Quando acontece uma ocupação, todos os meios de comunicação estão lá, pegam imagens, depoimentos e logo vão embora. Conheci o pessoal do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC) que me autorizou a gravar e a contar as histórias que não vão para os jornais. Queria conhecer o movimento por dentro, saber quem são aquelas famílias. A maior parte delas é formada por moradores que deixaram os cortiços onde pagavam de R$ 100 a R$ 350, mais ou menos, para morar. Com a ocupação, o dinheiro que era reservado para o pagamento do aluguel, passou a ser usado em gastos gerais. Como diz um dos membros do MSTC, é uma forma de se fazer uma distribuição de renda forçada. E o movimento é extremamente organizado. Cada andar tem um coordenador geral, responsável pela organização e pela limpeza, afinal, não é possível deixar tudo correr porque são praticamente barracos dentro de um prédio.






- Foi difícil conquistar a confiança das pessoas que ocuparam o prédio ?
Como escolheu seus personagens ?

Para começar as filmagens, tive que falar com a coordenação geral do movimento, mostrando que gostaria de ter tempo e acesso para contar a história daquelas pessoas. No fundo, tive que brigar com meu próprio preconceito, afinal, o lugar é escuro, o acesso é difícil e havia pessoas mais legais e outras menos legais. Eu não filmei nas duas primeiras semanas, exatamente para poder quebrar qualquer barreira. Cuidei da luz, da câmera e do microfone para que as pessoas se sentissem mais à vontade para falar sobre elas mesmas. Dessa pessoa, o depoimento fica mais pessoal, a pessoa olha para a lente como se tivesse falando olho no olho. Uma cena, por exemplo, foi feita com uma luz pequenina, do próprio local, para não interferir na comunicação. As surpresas vieram durante as filmagens, afinal, é interessante ver como as mulheres têm força como líderes comunitárias. Elas são capazes de mobilizar todo mundo. Tive a sorte de ter personagens maravilhosas, como a Rosânia. Por meio do depoimento do filho dela, a gente pode entender como a vida mudou desde que eles foram para a ocupação. A vida dela melhorou, a auto-estima melhorou, a família ficou mais unida. A cooperação entre eles é muito forte, pois eles vivem fora da sociedade oficial. Quase ninguém aqui fora sabe que eles existem. Isso revela a solidão em que eles vivem. Existem mil pessoas morando nos prédios do centro de São Paulo, na maior cidade do Brasil, com grandes recursos, sem que ninguém conheça suas histórias.

- Seu filme provocou um grande debate em Paris, quando foi exibido na Brésil em Mouvements. Na sua opinião, de onde partiu a identificação do público com os personagens ?

Acho muito interessante as mostras realizadas pela Autres Brésils porque focam no conteúdo social das obras, não apenas nos cineastas, mas no ponto de vista do que estão tratando. Meu objetivo é passar a realidade de forma mais natural possível para a pessoa que está assistindo ao filme, para que ele possa se identificar com o que está vendo. A pessoa fala o que sente e provoca essa identificação no espectador, mesmo que este não se identifique com a realidade. Daí vem o choque - como eu entrei naquele lugar ? Esse prédio pode ser qualquer prédio. Isso ajuda a enfrentar nosso preconceito. O “Tobias 700” teve uma boa aceitação porque mostra a realidade da vida dos personagens de maneira direta. Você sente a força que tem as pessoas, que lutam pelo que acreditam. Mesmo o advogado do movimento luta pelo que acredita. Acho que é por essa identificação quem vem a simpatia.

- Como estão as gravações de sua próxima obra ?

Este ano, já fiz um trabalho educativo com jovens que saíram da Febem. O filme “De volta à vida” foi feito por eles, como eles entraram nos crimes, como saíram, como o foi o tempo que estiveram na Febem. O grupo era formado por oito jovens que faziam quase uma terapia de grupo, com acompanhamento com psicólogos e assistentes sociais. O filme trata de dor, medo, família, infância, desigualdade e foi apresentado no Festival de Gramado. Atualmente, estou filmando o dia-a-dia do Hospital Santa Cruz, último hospital psiquiátrico de São Paulo. Na primeira parte da filmagem, acompanhei internos e funcionários fazendo grafite no pátio do hospital. Agora vamos começar a segunda parte e filmar o cotidiano do hospital durante um mês. Queremos mostrar como a atividade e a ocupação muda a vida das pessoas. Só o fato de fazerem arte-terapia ou alguma outra atividade a vida ganha outro significado.





Documentaristas confirmam participação nos debates da mostra Social em Movimentos

O debate sobre como a realidade brasileira está inserida na realidade francesa toma forma com a confirmação dos documentaristas e dos convidados para as mesas-redondas da mostra Social em Movimentos. As produções foram divididas em quatro temas, que serão pontos de partida para a discussão sobre a realidade social no Brasil e na França e propostas para conciliar o desenvolvimento social e econômico nos dois países :

Trabalho (« Salve ! Santo Antônio » e « Que merda de fábrica ») ;
Migrações (« Entre nós - sem papéis, sem rosto, sem palavras » e « O sonho de São Paulo » ).
Racismo ( « Imagens do DAL », « A negação do Brasil »)
Movimentos sociais / Resistência (« Tempestade num McDonald’s » e « Tobias 700 » )

Entre os nomes que já confirmaram presença nos debates, estão os documentaristas Joel Zito Araújo (« A negação do Brasil »), Aline Sasahara (« Salve ! Santo Antônio ») e Daniel Rubio (« Tobias 700), além de Itamar Silva, do Instituto de Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e o jornalista francês Gilles de Staal, estudioso das relações sociais entre Brasil e França.

Também participam Damien Platt, da coordenação de relações internacionais do grupo Afro Reggae, e a socióloga Liliane Leroux, especialista em questões do trabalho, entre outros convidados (confira abaixo a programação completa, incluindo os horários das sessões).

A sessão de abertura acontece no Cinemaison, do Teatro da Maison de France, no dia 20 de novembro, para convidados, com o filme « Alimentação geral », inédito no Brasil e na França, onde entra em cartaz no início do próximo mês.

De 23 a 26 de novembro, a mostra segue com a exibição dos documentários e debates no Espaço Museu da República. No dia 2 de dezembro, o SESC São João do Meriti recebe a programação sobre Racismo.

Social em Movimentos é um desdobramento do sucesso da mostra Brésil en Mouvements, que teve duas edições em Paris, em 2005 e 2006, realizadas pela Autres Brésils.

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